terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Já pensei em escrever um romance sobre uma pessoa que assistia a tantos filmes, sobre tantos assuntos, que ficou experiente em muitas coisas que nunca tinha verdadeiramente experimentado. 
A pessoa teria se tornado genial, uma espécie de Deus, capaz até de prever o futuro. Rapidamente conheceria a história das pessoas que passam por ela, apenas observando suas ações, seus trajes, sua forma de andar, de olhar, de franzir as sobrancelhas, de falar com alguém no celular. Muitos personagens conhecidos ao longo da vida haviam enriquecido o meu herói com um extraordinário senso de percepção do outro. 
Talvez eu nunca escreva algo assim. Mas vivo satisfeito a experiência de já ter visto muitos filmes e com eles vivido muitas vidas. 

sábado, 21 de fevereiro de 2015

O QUE HÁ SOB O VÉU

O humor é dramatúrgico em sua essência. Contrapõe uma percepção comum a uma associação incomum. Nesse embate de forças, rápido que seja, chega-se à síntese libertadora, à sensação de transcendência. 
É por isso que o humor faz germinar epifanias, revoluções, catarses. 
O humor é marginal, porque agride os padrões estabelecidos. Faz incendiar a torre de babel. 
O humor é ficcional. Extrapola os limites da razão, para expor a sua fragilidade, a sua pseudosegurança. O humor despreza verdades totêmicas e estabelece conflitos. 
O humor promove o necessário distanciamento para que vejamos as coisas como elas nunca foram, para que o tédio se fragmente em partes tão hilariantes quanto o erro e o despropósito. 
O humor é um tipo de meditação ativa. Ele está no olhar inquieto, que não se conforma com a estagnação. O humor tem uma curva dramática que na maioria das vezes não enxergamos, e quanto menos a enxergamos, melhor será o efeito da mágica. 

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

eu gosto de dramaturgia desde pequeno, quando observava pessoas passando e imaginava sua história.
tudo tem que fazer parte de uma história pra ter sabor. pequenas coisas. um bombom na mesa terá um outro valor se ele foi planejado e essa trama é que encanta o ser humano. 
não é bombom. é a história do bombom. na história de alguém. 
alguéns. 

neste blog, pra quem está chegando agora, eu conto algumas percepções cotidianas que o meu olhar de roteirista me presenteia, para que eu possa presentear a quem aparece por aqui.

acho que olhar bom é uma coisa que todo mundo pode dar e nunca vai faltar