sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Uma vez me perguntaram: "o que é um bom roteirista?"
Eu respondi: pergunte isso para cada um. 
Mas todo bom roteirista consegue cantar uma história em um minuto. Ele tem que saber qual é a essência da sua dramaturgia, para que a história seja bem construída, sem gorduras. 
Roteirizar é criar tensões dramáticas. Pequenas e grandes. É fazer a vida respirar. 

sábado, 15 de novembro de 2014


Humor é a arte de dar novos olhares para qualquer assunto.
Assim eles voltam a ser surpreendentes, envolventes e capazes de nos fazer rir, nem que seja com a alma. 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Quando eu comecei a criar histórias junto com as crianças, a minha visão de mundo mudou. Porque eu não sentia a necessidade de controlar nada. O desafio seria incluir qualquer coisa que fosse. Qualquer ideia que viesse. É uma aventura incrível a gente se sentir pronto pra lidar com o que vier.
O jogo da improvisação é uma espécie de prática zen budista. Você começa a se iluminar dançando com a vida...
Eu criei pra mim que a vida não tem acasos. Só tem sinais. E que todos eles são igualmente bons. Assim eu procuro não perder nenhum. Por mais bobo que possa parecer. Sempre é dali que o coelho sai. 

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O VAZIO E O CONFLITO

_ O que é o microdrama?
_ É a menor unidade dramática. Algo que produz um desconforto. Um texto, uma imagem, um som podem produzir uma estrutura microdramática. 
_ Você pode dar um exemplo?
_ Os koans zen e os haikai são universos sugeridos em suas lacunas. Esses vazios proporcionam um estado de inquietação da mente, que é acostumada ao conforto de ter tudo sob controle. O vazio é uma espécie de insurreição. Surge aí o conflito. 

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

_você viu meu chinelo?
_ você tem um?
_ comprei hoje, veja no meu pé
_ desde quando você pinta as unhas uma de cada cor?

sexta-feira, 18 de julho de 2014

o bololô de fios emaranhados desaparece quando a geste escolhe um e vai atrás de libertá-lo

quinta-feira, 17 de julho de 2014

a censura e o tédio

humor nasce do imprevisível
rimos quando fazemos associações livres, inusitadas, surpreendentes
é por isso que a censura e o humor não combinam. 
quando fumamos um baseado, rimos porque conseguimos fazer associações "sem noção", imprevisíveis.
quando estamos entre amigos, rimos porque a falta de censura nos faz mais livres, mais viajandões.
todo humor deveria poder andar por aí com salvo-conduto. 

NOSSA HISTÓRIA

A vida é feita de pequenas e grandes dramaturgias cotidianas e imediatas. O tempo todo estamos dentro de uma historinha criada por nós mesmos, cheia de desafios e conflitos, de ganhos e perdas, para que a vida tenha graça.
Experimentar ser o melhor roteirista de nós mesmos o tempo todo é uma experiência fascinante. Somos nós que escolhemos o tempo todo o que olhar, ao que vamos dar atenção. Essa escolha é feita por nossas histórias conscientes e inconscientes. Tornar as histórias conscientes e criar outras ainda mais legais é o nosso grande barato. 

Aqui somos todos dramaturgos: 
http://www.nossahistoriaagenteinventa.org

quinta-feira, 29 de maio de 2014


Uma das coisas mais legais que rolam no trabalho de um roteirista é o de pesquisa. A gente tem que se envolver com o tema e acaba vivenciando um universo mágico proporcionado por suas diversas dimensões desconhecidas.
Nesses dias tenho trabalhado um roteiro que fala sobre ciclismo, hortas urbanas, os rios que enterramos vivos, sobre o que é ser cidadão, as incubadoras de ideias...
Olhar pros assuntos com interesse os faz muito interessantes.

#FANTASIAS

as pessoas também são suas fantasias
principalmente 

terça-feira, 27 de maio de 2014

O HUMOR E O PRAZER

Eu sempre gostei de buscar o que há por trás das coisas. Quando criança, destruía brinquedos para entender seu mecanismo. Uma das coisas que me intrigam é a mecânica do humor. 
Freud diz que o humor é um fenômeno de economia mental. Quando o caminho entre dois pontos é encurtado, a resposta fisiológica que expressa essa satisfação é o riso. 
Em outras palavras, o humor será tão mais impactante quando mais sugerido ele for. A sugestão não define nada, permitindo os dois pontos diferenciais se liguem por uma descarga mental inédita.
O prazer do riso é um prazer que se equipara ao orgasmo, seria uma espécie de orgasmo mental. 
O humor barato é aquele que o caminho da energia mental está tão pavimentado que reserva pouco espaço para surpresas "econômicas". 
Disso pode-se inferir que o humor inteligente é afrodisíaco. Pessoas são capazes de se apaixonar pela possibilidade de prazer que o parceiro lhe proporciona.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Qualquer coisa fica boa quando se tem uma boa dramaturgia. Boas histórias são aquelas que não nos priva de estar totalmente presentes, viajando por onde leva a nossa intuição.

Eu vivo inventando histórias. Passou alguém, pra mim é uma história. O jeito de andar, a calma, o jeito de parar. Tudo diz alguma coisa gostosa de ser acessada, se a gente estiver ali. Tem um frescor inédito. Como uma repentina droga lícita. 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Eu me lembrei de um filme em que um sujeito ia morrer e gravou uma série de mensagens para o seu filho, que estava pra nascer. 
A gente tem vontade de deixar o que aprendeu, junto com os juros da gratidão de ter aprendido a tempo. 
Quem sou eu pra falar de dramaturgia e humor, a não ser alguém que gosta dos assuntos?
Deixo aqui algumas das minhas descobertas. Uma das quais é a de que as coisas só são descobertas tarde demais. 

sábado, 3 de maio de 2014

O QUE ESTÁ QUENTE PRA VOCÊ AGORA?

Escreva sobre qualquer coisa que esteja quente, ou requente muito bem.

A gente fala bem a respeito de qualquer assunto, se a gente estiver apaixonado por ele. 

Toda forma vem a serviço - e organicamente - quando o conteúdo nos inspira e move. 

A dica é: escreva sobre qualquer coisa que esteja mexendo com você agora. Os seus demônios hão de sair. Você vai ficar mais leve depois da catarse. E o público vai experimentar a força dramática de uma experiência envolvente pela sua coerência. 



ENROLAR SÓ EXISTE PORQUE É BOM

Acho que qualquer bate-papo sobre dramaturgia deveria ser dramatúrgico, portanto em poucos minutos você tropeçará com "turning point" que levará essa história para um novo caminho, blá, blá, blá.
Por exemplo, você caiu nessa página por acaso, até foi a fim de perder um tempinho e ler umas linhas, porque é possível que na vida não exista nada por acaso, mas isso você vai saber mais pra frente. 
O que importa é que estamos nós dois, eu e você - meu único leitor - tendo uma viagem muito bacana, e uma viagem lícita, gratuita. Tudo porque você caiu aqui por acaso e eu prevendo que isso iria acontecer, resolvi escrever algo que fosse verdadeiro, para que nós estivéssemos juntos pelo menos nessas 7 linhas. 
Eu só preciso de mais umas poucas linhas, talvez 3, pra que você perceba como se deve criar algum gancho em cada palavra, pra que você não perceba que já foram 10 linhas. 
Excrever é um fascinante exercício de encadear surpresas. 

sábado, 19 de abril de 2014

O QUE É UMA BOA HISTÓRIA

O que faz com que algumas histórias sejam boas e outras não? Qual é o segredo do envolvimento do público? 
Estas perguntas podem merecer muitas respostas e eu me arrisco a dar algumas. 
Um dos atributos mais importantes numa boa história é que ela seja boa. Muita gente se arvora a escrever sobre coisas que não mobilizam emocionalmente nem a si mesmas. Uma boa história, no meu modesto entendimento, deve seduzir quem escreve, inquietar, instigar. Deve tratar de um assunto que seja bom.
E o que é um assunto bom?
Um bom assunto trata de questões arquetípicas, mitológicas, ainda que prosaicas. É por isso que um bom assunto reverbera. Ele é profundo, ainda que superficial. É verdadeiro, legítimo, atômico, holográfico.
Uma boa história começa com a necessidade de se dizer algo que importe, que acrescente, que modifique. 
A forma entra a serviço do assunto. Quem conta história deve saber claramente o que quer dizer. 
É verdade que muitas vezes não sabemos o que queremos dizer. Ouvimos vozes difusas e vamos dando vazão a elas, até que a sua síntese se esboce, se estabeleça de forma soberana. Muitas vezes, para chegar a este ponto, o escritor, o dramaturgo, precisa dar linha à pipa. Deixar a sua voz interior falar sem restrições. Vomitar a sua alma para entender seus movimentos. Depois é abrir mão dos excessos, das gorduras, dos ruídos, das perfumarias. Deixar o essencial, para que possa ser mesmo essencial. 
A forma da narrativa está a serviço da história. Vai aos poucos revelando a sucessão de ampliações e reflexos do tema essencial, de tal maneira que ele ganhe toda a sua dimensão possível e, especialmente, a sua dimensão impossível. A dimensão desconhecida de todo o conhecido. Para que a vida volte a surpreender e encantar. A boa história estabelece um gradual encantamento, tecendo caminhos inusitados para a expressão do espírito humano, que está cansado de se ver reduzido a clichês fáceis e entediantes.
Todo assunto é novo através da forma. A forma mobiliza enfoques únicos sobre os assuntos, disparando reações novas em cada espectador da arte.

Trocando em miúdos, o autor deve se permitir fluir, mas deve trabalhar no resultado dessa fluência. Há uma certa presunção em nós que acreditamos que a nossa intuição nos permita parir obras acabadas. Há trabalhos e retrabalhos para se chegar ao essencial.   O que não interessa é arte feita com pressa.