quarta-feira, 24 de julho de 2013

Há muito tempo eu me interesso pelo humor. Acho que desde criança, ligadaço naqueles programas na TV superbem roteirizados. Eu nem sabia falar e já adorava o Ronald Golias fazendo "pé com pano", aquelas expressões que diziam tudo, sem dizer nada.
Um belo dia comecei a pensar: será que o humor é uma coisa só ou tem que necessariamente ser dividido em diversas experiências humanas, que nem sempre nos fazem rir.
Freud, que jamais foi visto rindo, dizia que o humor é "economia mental". Quando você deixa de contar toda uma história que liga dois pontos, para que as pessoas o façam da maneira delas. É uma sensação de prazer derivada do encantamento formado por uma imagem inusitada.
Certamente Freud pensou naquele humor intelectual, sofisticado, onde os pontos a serem ligados estão tão distantes que a corrente entre eles se dá como um raio. Mas existe também um humor onde esses pontos estão muito próximos. Onde a gente já sabe o que vai acontecer e acontece. É a criança que ri quando a gente se esconde e aparece, se esconde e aparece...ela já espera que vá aparecer, e aparece mesmo...
Eu tenho me interessado mais pelo humor minimal, que é aquele em que você diz o mínimo, para que a imaginação do interlocutor seja máxima. É a sutileza. A sugestão.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Cada vez mais eu me convenço de que a verdade é um elemento essencial ao humor.  E verdade eu me refiro a das intenções. Um artista que é verdadeiro com suas intenções tem algum tipo de coerência que é capaz de mobilizar seu público. 

Essa correlação direta me veio com a leitura do The Truth of Comedy, de Charna Halpern, Del Close e Kim Johnson. Mas dese então tenho me encantado com os insights experimentados na exploração dessa correlação. 

O palhaço é tão mais engraçado quanto mais verdadeiro for. O comediante stand-up é tão mais engraçado quanto verdadeiro for. A verdade encanta pelo seu ineditismo. 

Quando alunos me pedem uma dica infalível para escrever humor, eu respondo sem titubear: "seja verdadeiro".  Primeiro ouça o que o seu coração diz, depois  alinhe-se a isso. Qualquer coisa verdadeira já tem um magnetismo natural. Despreocupado em acertar, cada um pode se sentir confortável para expressar suas mais hilariantes idiossincrasias. 

Momentos de intimidade entre amigos, que nos permitem expressar o máximo da nossa autenticidade, são pródigos em situações de humor impagáveis, todo mundo já experimentou isso. 

Quando mais verdadeiro eu sou, mais confortável me sinto para expressar a minha arte. E para me relacionar. A gente se desarma. Fica leve, capaz de dançar com as circunstâncias. 

domingo, 14 de julho de 2013

Todos nós temos sacadas o tempo todo e normalmente vivemos num dilema: paro pra anotar ou dou linha pra pipa, não interrompendo o momento para narrá-lo.
Foi aí que eu tive a ideia começar a usar a câmera para não destruir uma experiência, me forçando a fazer algo legal, porque a final estaria gravando.

A ideia é explorar um olhar sobre absolutamente qualquer coisa.

O palhaço é um apagador de incêndios. Ele não sabe o que vai fazer. Mas sabe que vai fazer.

O meu trabalho é resgatar esse olhar disponível, pra se deleitar com qualquer coisa. E o exercício é narrar. Fale sobre o que você vê. Qualquer coisa. A tampinha do ralo que está fora do lugar. Deixe-se socorrer pela sua imaginação. Limite-se a descrever o que vê.